Se eu Moresse amanhã
(Divagações sobre um poema de Álvarez
de Azevedo)
Se eu morresse amanhã
Minha mãe, ao ver meu casaco marrom de frio,
Sentiria um vazio absoluto do lado superior esquerdo do peito.
De seus olhos rolariam duas lágrimas,
E a ponta dos seus dedos comprimiriam desesperadamente a barra do vestido.
Se eu morresse amanhã,
Apenas um vazio fofo, dolorido, chegaria pelas mãos da realidade absurda!!!
Súbito estalaria no peito e se alargaria indefinitivamente,
Por um caminho ôco,
Como se nas pessoas apenas restasse a epiderme.