cinzas poéticas

As cinzas poéticas de seu corpo

Espalhadas no ar

Impregnavam de lirismo esse oxigênio bastardo

Que insiste deixar a miséria prosperar

Seu ceticismo arguto e cruel

Nos fazia ver através da própria cegueira

Na cegueira alva e refém de alguma razão

para duvidar

As cinzas poéticas de seu corpo

Revelam a iniqüidade da existência humana

Transmutavam delírios estéticos em

ínfimas parcelas do ser

Disperso pela força do fogo,

Pela força das moléculas divorciadas da vida

Herdamos a eternidade

da tua palavra,

Da descrição insólita e contrita

De alma, passagens e descaminhos.

Adeus, Saramago.

Viverás eternamente nos livros,

Em cada palavra onde delicadamente esculpiu

sua alma e, essa meu caro,

Será imortal como fogo

Que reduz em cinzas

Apenas o palpável,

Mas jamais a força do poeta.

Jamais a mágica da leitura.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/06/2010
Código do texto: T2331235
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