Insônia

É tarde, muito tarde, digo a mim mesmo

E no momento tenho um único desejo

Adormecer na tranqüila escuridão.

Uma voz distante sussurra “é tarde, muito tarde”

Quase amanhece; meu espírito mais se entristece

São longas as horas de solidão.

“É tarde, muito tarde”, outro sussurro

Estou em vigília ou será que já durmo?

Essa voz que ouço; de onde vem?

“É tarde, muito tarde”, insiste a bendita

Vai-te da minha mente voz maldita

O meu tempo é curto, deixe que eu durma bem.

“É tarde, muito tarde”, Sim eu sei, já basta!

O dever que logo tenho me desgasta

Mas preciso ganhar, para gastar e ter paz.

“É tarde, muito tarde”, ah o amor!...

Tanto dele o meu ser sonhou

Pena que a vida seja tão fugaz.

Tão fugaz. Tão banalizada...

O que houve?...

Para onde foram aquelas noites

de sonos tão tranqüilos de sonhar?

O tempo passa,

E então, os primeiros raios surgem

E com a nova manhã, a minha angustia.

Num canto do quarto, ainda em sombras, uma figura,

A silhueta sombria tinha os olhos de fogo

E me dizia: “É tarde, muito tarde”

Então dormi.

Maurício Ravel
Enviado por Maurício Ravel em 24/06/2010
Reeditado em 24/06/2010
Código do texto: T2338019
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