Insônia
É tarde, muito tarde, digo a mim mesmo
E no momento tenho um único desejo
Adormecer na tranqüila escuridão.
Uma voz distante sussurra “é tarde, muito tarde”
Quase amanhece; meu espírito mais se entristece
São longas as horas de solidão.
“É tarde, muito tarde”, outro sussurro
Estou em vigília ou será que já durmo?
Essa voz que ouço; de onde vem?
“É tarde, muito tarde”, insiste a bendita
Vai-te da minha mente voz maldita
O meu tempo é curto, deixe que eu durma bem.
“É tarde, muito tarde”, Sim eu sei, já basta!
O dever que logo tenho me desgasta
Mas preciso ganhar, para gastar e ter paz.
“É tarde, muito tarde”, ah o amor!...
Tanto dele o meu ser sonhou
Pena que a vida seja tão fugaz.
Tão fugaz. Tão banalizada...
O que houve?...
Para onde foram aquelas noites
de sonos tão tranqüilos de sonhar?
O tempo passa,
E então, os primeiros raios surgem
E com a nova manhã, a minha angustia.
Num canto do quarto, ainda em sombras, uma figura,
A silhueta sombria tinha os olhos de fogo
E me dizia: “É tarde, muito tarde”
Então dormi.