Pássaro Triste

Teu canto nessa gaiola é triste,

E a todo instante queres ir embora,

Quem passa poucos vêem que tu existes,

E aqueles que te vêem te ignoram.

E enquanto aqui fora a natureza...

Mas a insensatez sobrepõe tua liberdade

E deixas de usufruir tanta beleza,

Pelo egoismo do homem... pura maldade.

E essa punição sem mereceres

Por causa desse capricho insano

Estás passível sim, de pereceres

Ao ficares prêso aí por longos anos.

Tuas penas já não têm aquele brilho,

O teu canto que era belo é só tristeza,

Estás prêso e lá no ninho estão teus filhos,

Que de fome morrerão, tenho certeza.

E enquanto nessas grades a debater-se

Demonstrando quão grande tua infelicidade,

Quem poderia te soltar, fica a abster-se

Se negando a devolver-te a liberdade.

E tu paras no poleiro por um instante,

E num misto de tristeza e resignação

Com o bico alisas as asas incessante,

Como quisesse te esquecer dessa prisão.