DÓI-ME A DOR DE QUEM SOFRE

Dói-me as crianças sem futuro

dói-me as mães que não têm

leite para seus bebés

dói-me os maltratos cometidos

contra a macia infância das

crianças

dói-me a exploração desses

meninos e meninas obrigadas

a trabalhar de sol a sol

dói-me seu choro calado

para não se denunciarem dói-me.

Dói-me que espanquem mulheres

para mostrar um machismo irracional

dói-me que não sejam protegidas

e que sejam acossadas como

animais

dói-me as dores que elas suportam

e se calam num silêncio de medo

dói-me que vão à polícia e

que estes ainda as culpem como

oferecidas e provocadoras

quando o que querem é serem cuidadas.

Dói-me os animais abandonados

sem terem voz para pedir ajuda

dói-me que os vilipendiem

e que os assassinem em sacos

jogados ao rio mal acabam de nascer

dói-me que passem fome e que

andem na rua cheios de cicatrizes

de maus tratos impostos

por quem não tem condições

para ter um animal consigo

tal a brutalidade de seu ser ordinário.

Dói-me esta dor que é mais dor

no coração que no peito

dói-me não poder fazer nada

e sentir-me desleal para quem precisa

de carinho quando eu não posso doar

dói-me a carência e a droga

mais o álcool que se propaga

dói-me os políticos omissos

que querem o poder a todo custo

e não pensam no povo que sofre

as agruras do mau génio desta raça.

Dói-me tudo e sofro por antecipação.

Jorge Humberto

05/0710

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 06/07/2010
Código do texto: T2361678
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