A morte de um jovem

A morte rondou a cidade

E levou mais um entre seus braços

Era jovem, muito recente

E tinha sonhos e desejos incontáveis

O carregou envolto de suas asas negras

Para o jardim do além

Onde estaremos um dia

Entre rios de lágrimas e desesperos

Da alma subtraída, dos netos não vindos

Da alegria sem perspectiva

O que resta de tudo aquilo?

Aquele pai com as mãos em prece

Sem explicação ele se foi

O que fazer do silêncio que ficou na casa?

Suas roupas, seus livros

Seus discos prediletos?

Teve pressa, não deixou o tempo do preparo

No seu pobre coração fez algo com seus dedos longos

E parou as engrangens frágeis desse inconstante motor

E devorou, junto com a noite, aquele pedaço de vida

O que dizer aos amigos?

Que lição se tira?

Que a vida é frágil mesmo?

Ou que temos que viver intensamente

Como se hoje fosse o fim dos tempos?

E naquela noite não houve estrela.