A dor da solidão

A solidão é inquilina tão antiga, que no costume de vê-la por perto, parece que não estou só.

O silêncio, hospedeiro de minh’alma, anda querendo falar:

Testemunha oculta nas batalhas que travo, aqui, dentro de mim.

Anda querendo contar quantas vezes morro. E, morro tantas vezes e renasço, que começo a achar que sou eterna.

Começo a pensar que inferno e céu moram dentro da gente; e que inferno não é necessariamente um lugar quente, porque sinto minha alma tão fria!

Esses momentos de céu são tão poucos, que aos poucos, aprendo a viver no escuro, tateando lembranças, alimentando minha saudade.

Ando, faz tempo, falando comigo mesma, e quando respondo não ouço:

No calabouço da solidão minha voz não se faz ouvir.

Sigo nas lutas que amealho, e não há atalho para a vitória.

A luta inglória parece escrever o meu destino.

Qualquer hora dessas, lanço mão dessa espada, e numa só cravada, abro mão da minha história.

Arlete de Andrade
Enviado por Arlete de Andrade em 16/09/2006
Código do texto: T241836