POETA AMARGURADO

Era uma criança como outra qualquer

sonhava um dia em ser adulta, para

ser como seu pai, que ela tanto admirava

e imitava com graça todos os seus gestos

de boa ventura e trejeitos graciosos.

E ela cresceu e foi trabalhar para junto dele

uma fábrica de vidro para carros e montras

bem juntinho de casa onde morava sua mãe

esposa de seu pai, que se amavam muito

desde que ela se lembra de si como pessoa.

Era muito novinha quando foi pela primeira

vez, de mala na mão, trabalhar, mas logo se

apaixonou pelo seu emprego e era vê-la a

cantar e a assobiar canções de musicais bem

conhecidos de todos e assim passava o dia.

Cresceu e se enamorou de uma bela menina

e começaram a conversar e a ir ao cinema

felizes da vida com o seu namoro. Para onde

ia um o outro ia com ela, sempre de mãos

dadas, para onde quer que caminhassem.

Até que, num dia de azar, ao atravessarem a

estrada para o outro lado da berma, a menina

foi colhida por um automóvel e faleceu de

pronto, com o jovem a toma-la no colo e a

chamar pelo seu nome, querendo acordá-la.

Não mais abriu seus lindos olhos azuis e a

partir desse dia, o jovem adulto, não mais

sorriu ou assobiou e deixou de ter gosto pela

vida, que nem o trabalho o animava, a ponto

de o fazer chorar sempre que se lembrava do

acontecido. Culpava-se do ocorrido naquele

dia fatídico, pois podia puxá-la para ele, se o

carro não viesse com tanta velocidade, numa

loucura embriagada. Hoje senta-se à mesa e

escreve poemas que a tragam de volta à vida.

Jorge Humberto

09/09/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 09/09/2010
Código do texto: T2487681
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