PÓ, de mim.

Minha fonte secou.

O sol se pôs sobre o interior da minha terra

Apagou-se, mas não sem antes queimar tudo por dentro.

Não era calor de verdade

Era uma incandescência debochada

Que aos poucos me apagava enriquecendo-se da minha luz.

Eu que tanto lutei

Pra que todo meu mal fosse desfeito,

E vem este fogo imperfeito, roubar o pouco de mim, que dó!

Eu que já fui luz

Tornei-me pó... Dó de mim tenha dó!

Aqueça-me sem me roubar, sem me ferir (interferir).

Não há agora chão

E sopro o que restou, que vai pelo ar.

Uma parte de mim vem e leva outra consigo

E eu vou ficando

Aqui com pedaços esperando

Vendo partes de mim se acabando

E sem solução

Fico aqui com o pouco

Que ainda tenho

Quem sabe

A chuva molhe

E me refaça de

Novo.

Ou de fim.

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 11/09/2010
Reeditado em 27/09/2010
Código do texto: T2491172
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