POEMA DA MORTE

Estou morrendo por dentro

Como um melão japonês.

Meus olhos estão secos,

Minha alma agoniza,

Pesa-me existir.

A solidão se instalou no meu peito

Como um viajante cansado,

E até o meu violão

Me nega seus acordes mais bonitos.

Não quero mais penso nos mortos

E na calma de suas tumbas.

Toda saudade do mundo

Não lhes perturba o sono.

Estou morrendo por dentro

No inverso do meu eu,

Ouvindo os badalos de um sino de cinzas

E beijando um corpo frio de mulher.

Vagalumes embriagados constroem um jazigo

Com tijolos negros que retiram da noite,

Mariposas febris dançam o último tango,

A morte é uma mulher que não desiste nunca.

henrique ponttopidan
Enviado por henrique ponttopidan em 26/09/2010
Reeditado em 06/08/2011
Código do texto: T2522503