CAMPO SIM! CIDADE NÃO!

MANOEL LÚCIO DE MEDEIROS.

I

O vento que invade a sombra,

Lançando poeira, sem rumo a seguir!

Que varre da terra as sementes,

E as levam aos campos, sem ninguém sentir!

São lançadas no tempo,

E a terra que as guardam,

Prepara-lhe o calor!

A vida sozinha germina,

E a luz que ilumina,

Aquecem-nas com amor!

II

A chuva que lava o solo,

Faz da terra o seu colo,

Onde se faz germinar!

Botões que se abrem em flores,

Pétalas em mil outras cores,

Começam logo a brotar!

E assim o jardim faz a vida,

E o campo convida, ao seu exalar!

Não sabem os homens que a terra,

Prepara sua era,

E faz deste solo, seu reino, seu lar!

III

O vento bate palmas com as folhas,

E um eco ressoa, e o som faz lançar!

A festa começa na terra,

E a vida renasce em cada lugar!

As flores no ar se balançam,

E as plantas não cansam, de sacudi-las,

As folhas que caem no meio,

O solo é seu seio,

Faz campos florirem!

IV

Eu vejo no vento a força,

Na sombra a forca da luz que morreu!

Eu vejo no campo o perfume,

Na flor o ciúme, de quem não colheu!

Eu vejo nas próprias sementes,

A vida que a gente, um dia nasceu!

No campo tem felicidade,

Não é a cidade, a vida morreu!

V

Morreu, pois mataram as sementes,

E a gente não sente o verde a brilhar!

Morreu, pois a luz que brilhava,

Não mais clareava, o sol fez parar!

Parou não o seu movimento,

Mas seu firmamento, não deu mais a luz!

As nuvens encharcadas de trevas,

Polui todas as ervas,

Conduze-as à cruz!

VI

Eu vejo a sombra do assombro,

E a noite se oculta, do seu estrelar!

No meio de tantos encantos,

Só se ouve um pranto, sem se consolar!

E assim não existe o tempero,

Que o campo brotou no perfume da flor!

Eu vejo é desespero,

Pois tudo é enterro,

Do que não se amou!

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Malume
Enviado por Malume em 04/10/2006
Código do texto: T255883