SANATÓRIO

Deposito as dores do tempo enclausurado

nos vãos vazios que trespassam as janelas.

Os beijos guardados sangram em meus lábios.

Assento os paralelepípedos das vielas,

acendo a pira do destino por puro instinto.

Sinto as águas que molham a terra.

Planto a viga de ferro fundido,

vagueio nas aleias de árvores ressequidas.

Réstias serpenteiam em noites ferinas.

No escuro, o pio rasga mortalha da coruja

fortalece minhas dúvidas, tão minhas.

Rasgo o vento com minhas garras de ave de rapina.

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 29/10/2010
Reeditado em 23/02/2012
Código do texto: T2585484
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