O CANTO DO CISNE

Adeus Amiga — não é mais querida —,

Aquele termo que empolgava a vida

Agora não me é dado pronunciar.

Não mais teremos “xõ”, “pera”, “zilhões”,

Nem “tricôs”, “amuado” nem chavões,

Tantos risos e um doce bem-estar.

Tudo acabou. Foi tímida ilusão.

É muito triste. Explode coração!!

Agora é noite escura, tenebrosa.

Pra uma vida tão curta, sem alento,

É tão longo e nefasto o sofrimento

Ao fim de fantasia tão gostosa!

Liberta agora, minha doce amiga,

Não tem mais meu ciúme à moda antiga

E tantas brigas que a chateavam muito.

Vai retornar ao vin e ao que quiser,

Pois é livre, rainha e mais mulher.

O mundo lhe será leve e gratuito.

A mim resta nadar sozinho e triste,

Se é que meu coração inda resiste,

No lago azul onde a água já se tisne,

Qual cisne que perdeu sua parceira

E nunca nada mais, a vida inteira,

Nem canta alegre ao lado de outro cisne!

Lucan
Enviado por Lucan em 07/10/2006
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