Cá estou

Embriagado entre a realidade e o devaneio

Sinto-me inebriado pelo aroma que exala da saudade

Cá,sentado ao canto, vejo o tactar do vento a cortina

Lá, fora, onde não posso tocar, sei que estás.

Vejo que aqui o vento nada pode tocar, levar...

Por um momento sinto-me naufragado em nostalgia

Em minhas mãos amparo as palavras que restaram como refugo

O tempo parece não passar...

No cálice ao chão agora vazio, sucumbia outrora todo o meu querer

Restara apenas a nódoa, no tapete, no papel, nas lembranças de um ser

Na dor em um coração...

Teu cheiro parece fincado sobre o quarto, trazido pelo vento talvez

Fragrância amena que se assemelha a tristeza do findar

De minh’alma recai um suspiro, saber que um dia houve vida

Me levanto, pego então o cálice ainda frio da solidão

E o encho, entre poemas, lágrimas, sonetos e um coração.

Talvez ainda haja um raiar...

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 10/10/2006
Reeditado em 10/10/2006
Código do texto: T260808