Campos de vidro

Busquei forças onde desconhecia

Fiz preces as distantes estrelas

Dancei canções antigas

Escondi as lágrimas na saia do vento

Enfeitiçado pelos arranhas-céus da Paulista

O coração tem sede de amor

Nem mesmo cálices de fogo

E tempestades de vinho

Acalmam o desejo da carne

Sonhos pedem silêncio

Vivo no cinza da cidade

Enfio o dedo no 220 da tomada

Nem sei mais a cor do verde

Todo homem faz cachorrada

Quando procura passos perdidos

Não tenho anel nem aliança

Esqueço frases e nomes

Risco o braço com a unha

Não tenho relógio nem pulseira

Esqueço a hora do médico

Olho as vitrines das lojas

Caminho pelos shoppings

Seguindo as luzes dos corredores

E os espelhos nos elevadores

Leio cartazes na porta dos cinemas

Não tenho celular

Esqueço a data dos aniversários

E os tapetes vermelhos das igrejas

Não tenho destino

Esqueço o futuro

carlos assis
Enviado por carlos assis em 17/12/2010
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