Campos de vidro
Busquei forças onde desconhecia
Fiz preces as distantes estrelas
Dancei canções antigas
Escondi as lágrimas na saia do vento
Enfeitiçado pelos arranhas-céus da Paulista
O coração tem sede de amor
Nem mesmo cálices de fogo
E tempestades de vinho
Acalmam o desejo da carne
Sonhos pedem silêncio
Vivo no cinza da cidade
Enfio o dedo no 220 da tomada
Nem sei mais a cor do verde
Todo homem faz cachorrada
Quando procura passos perdidos
Não tenho anel nem aliança
Esqueço frases e nomes
Risco o braço com a unha
Não tenho relógio nem pulseira
Esqueço a hora do médico
Olho as vitrines das lojas
Caminho pelos shoppings
Seguindo as luzes dos corredores
E os espelhos nos elevadores
Leio cartazes na porta dos cinemas
Não tenho celular
Esqueço a data dos aniversários
E os tapetes vermelhos das igrejas
Não tenho destino
Esqueço o futuro