A LINHA DA ALMA
A LINHA DA ALMA
Entardece... Lá o amor acontece.
Insistem as estrelas em vir à terra.
A noite vem e o corpo entorpece;
Nessas horas quase tudo emperra.
Mas o amor é, quando anoitece
E traça uma linha que se imagina...
A ligadura da alma que não esquece
Nem com o cheiro da mescalina.
Logo depois o amor amanhece
Sob o lençol desarrumado, sutis odores.
Um café na cama, um beijo e desce...
Da manhã, tarde, noite dos amores.
É a mesmice do amor que entristece
Quando perde o suave gosto de maçã,
Ou a dourada fonte que envelhece,
Perde brilho, novidade, cheiro de hortelã.
Lá o amor chora e na solidão padece
É folha murcha no fim da tarde
Lá, onde amor e dor... Cada um acontece
Chorando no peito do homem covarde.
WalterBRios 14 de março de 2005