AMPULHETA

Meus olhos seguram uma antiga foto,
Em preto e branco,
Com as incrustações amareladas do tempo.

Já não se veem os rostos com muita nitidez,
Mas o brilho dos olhos,
A pureza dos sorrisos
E a força da amizade
O tempo não conseguiu apagar.

Ainda consigo identificar a história
Que se esconde por detrás de cada rosto...
Os mais tresloucados sonhos...

Será que foram realizados,
Ou se perderam na dura realidade da vida?

Ligo para um: - Está com Alzheimer!
Ligo para outro: - Está com depressão!
Procuro por um terceiro: - Morreu há mais de um ano!

Meu Deus! Quanto desengano!
Quanta ilusão!
A foto se desprende dos meus olhos
E cai... e rola pelo chão.

Procuro por mim mesmo...
Não reconheço a imagem
Refletida no espelho.

Agora sinto na alma
Muito frio... muito medo...
Pois sinto que a areia do tempo
Cai insensível... inexorável...
Sobre a solidão dos meus dias.


Obs.: Poema publicado nas páginas 26 e 17 do meu Livro de Poesias intitulado FRAGMENTOS DO CORAÇÃO.
Editora MJR - 2010

 

Alexandre Brito
Enviado por Alexandre Brito em 19/01/2011
Código do texto: T2738235
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