ABORTO
O que faz aí pequenino
Com as mãos a dançar no vento,
Correndo em volta da casa,
Brincando em meu pensamento?
O rostinho sujo de terra,
Os passos ainda inseguros...
Me faz voltar longas datas
O teu avanço futuro.
Lembra os planos que fiz?
Tomar sorvete no parque,
Fazer arte com as canecas,
Pintar seu quarto de azul...
Lembra os carrinhos de lata
Que nós construiríamos juntos?
E a tarde,quantos assuntos
Teríamos pra conversar!
Deixo-te e deixa-me filho meu,
Com minha imaginação febria.
Eu ficarei nesse dia
Com uma lágrima invisível
Que vela no peito sensível
O filho que não nasceu.