MINHA DOR PELA DOR DE MEUS PAIS

Quando ansiava tempos de bonança,

vieram as tempestades,

levando-me toda a subtil esperança,

menos as vãs inutilidades.

Não restou mais nada, tudo acertou

de ser uma calamidade,

que a injusta vida sem Razão cercou

nossa família, de vasta idade.

Males que já se instalaram perenes,

não são todas as realidades,

é o que nos mostram os papéis, enes

de outras enfermidades.

A magreza, a dor suplanta o bem-estar

e as agonias na madrugada,

mas a braveza de sofrer e sofrendo calar,

nos honra e mais nada.

Que mais nos calhará em Sorte ou fado,

ter meus pais doentes,

apenas me serve, de gritante atestado,

de mim não serem carentes.

E aqui estou eu a escrever o meu grito,

que a poesia privilegia,

que escrevendo, sinto-me menos aflito

e talvez nasça o dia.

Jorge Humberto

18/02/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 18/02/2011
Código do texto: T2799934
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