CONVIVENDO COM A DOR
Mas a dor que corroi a vida,
Como a manhã devora o alvor
E a tardinha chora a dor ferida,
Choram as letras ao compor.
A poesia fala da noite e do choro,
Do olhar que tanto te deseja,
Dos trâmites que tem o namoro
E da tua boca quando me beija.
A dor equivale a tua ausência,
Pois a alma não se separa,
Aposta o dia a tua permanência,
Tanto amor que te declara.
E fica a paixão dantesca
Arranhada de tantos prantos
Que na madrugada fresca
Banha-se nos teus encantos.
Por onde quer que fores tu´alma
Pelos meus fragosos sonhos,
Que se tornaram em ondas calmas
E me fez andar em bonhos.
E sem ter pejo, de sono bosejo;
Na fuga da dor que arde
Quando o teu falar motejo
Paira na mente até tarde.
Vou convivendo com a dor
Como que tendo-lhe amizade,
Ou quem sabe me dispor
desta atroz e árdua saudade.
(YEHORAM)