A VÍTOR MESQUITA

Consegues ouvir o meu grito,

Ver o gesto da minha mão,

Ó cidade longe, se do plinto,

Ergo de éreo feito esta saudação?

Não tem oiro a estátua, nem luz

A prata, no traço cinzelado.

Mas se o bronze, à opulência não faz jus,

Ganha a verdade, com que foi moldado.

E saberás porventura, que

Esforço ele não tem?

E que só me cansa a mão, se

A tua espero, e ela não vem?

Em teu peito amargurado,

E que à estranja recolheu,

Seja este poema amparado,

Que na Augusta Pátria nasceu.

E se a lua, lá do alto, desce

À minha janela, ao que escrevi,

É porque também não esquece,

As muitas saudades de ti.

Jorge Humberto

Setembro, 20, 1996.

In SAiu A Fera De Mim

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 04/11/2006
Código do texto: T282151