UM LADO MEU SÓ TREVAS

Os meus poemas escurecem de repente.

A morte põe o rosto na janela.

Um amigo meu partiu

de forma surpreendente,

capturado por um trágico acaso.

A morte não brinca em serviço.

A morte não conversa.

Com seus dedos ossudos, aponta

o próximo a sumir.

Meu amigo sumiu.

Deixou carne e ossos.

Escuro, o poema brota

na folha do papel.

Meu Deus, a vida é finita.

Morreremos todos.

Memento mori.

Por isso, é preciso clarear

as vielas da vida.

A longa noite virá.

Os relógios cessarão sua sinfonia.

E eu só penso

que preciso chorar.