Sinto-me vazio... e não tenho nada a dizer...

Uma vida vazia... É tudo que posso dizer.

Sem “ancoras”, “trancafiado”, preso no seu próprio corpo.

Lisonjeando as faces de toda uma vida.

Desprezível!

Só mentiras!

Bato à cara na casa de pau, alvenaria, da vida, mentiras, casa de cera, de vidro, sapê.

Um sopro e tudo desmorona...

À vida! Sem vida! Com levedo de sangue-púrpuro descendo-me os lábios.

Ah vida! Sem vida! Com sabor catódico de menta amanhecido no vinho envelhecido a sangue-rubi, fruto da vida.

Tudo pela vida... Vazia... Sem nada...

Vivo sozinho... Fechado... A sete chaves...

Não me conheço... Ninguém me conhece...

Quem eu sou de verdade?

Aquele que ama o nada, o tudo e a ninguém...

Aquele que vive desprezado por outrem...

Aquele sem escrúpulos, cujo único desejo é morrer!

Aquele que, destonadamente, vive-morre-sobrevive-renasce das cinzas obtidas da queima de seu coração.

Sem coração!

Sem nada!

Não sinto!

Tão só!

Largado!

À vida!

Na vida!

Na morte!

Na rotina!

Sem sorte!

Afonso Herrera
Enviado por Afonso Herrera em 02/03/2011
Código do texto: T2824270
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