O meu outono é efêmero...

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Criei um mundo cor de rosa, ornei o vento

pintei a brisa e embebedei o sol...

até que ele dormisse sereno nos braços da tarde,

sem escurecer e esconder as nuvens

eu precisava adormecer o tempo,

porque a escuridão tiraria um pedaço da minha vida,

necessito da claridade para sobreviver.

O meu outono vem vindo e é efêmero,

são nestes compassos de beijos e carícias

que busco a minha felicidade sonhando,

recostando em um ombro pequeno

sentindo mãos finas e suaves que me enlaçam

procuram minha boca e ouço dizer : amor...

Se este corpo pedir meu calor,

ou seu beijo pedir o meu beijo,

deixarei o fogo da paixão explodir em abraços

prometo que não irei embora, ficarei bem pertinho...

porque o outono das nossas vidas é passageiro,

poderemos estar morrendo aos poucos,

encerrando ciclos, soluçando saudades antigas,

a indolência da nossa idade,

vem nos decompondo aos poucos,

deixando para trás pequenos ou grandes amores,

urge criar este mundo cor de rosa,

pois de repente poderemos esquecer tudo...

Nesta apatia caminhamos devagar,

apenas os passos são lentos, a cabeça fervilha

os pensamentos se tornam correntezas

ansiosos por se renovarem como as folhas,

ao caírem, secarem, fragmentarem-se junto a terra,

alimentando as novas raízes que se transformarão

em novas plantas...novo começo...mas...

nós não temos tanto tempo assim,

por isso eu preciso adormecer o tempo...

se ainda desejo devanear com este amor...

e decidir não ir embora...

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 14/03/2011
Código do texto: T2847582
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