Vácuo

Um vazio se fez presente

A certeza de tua ausência me fere

Tal qual um punhal afiado

A transpor meu peito

E a romper minha carne

O brilho de meus olhos cessou

Ofuscou-se a luz que os fazia reluzir...

Toda a graça perdeu-se

Toda a alegria desfaleceu

Toda a ânsia refreou-se...

E a inércia operou em minha vida.

Sinto-me injustiçada, depreciada, cruelmente roubada.

Difícil é admitir restringir-me ao caos

Que se operou com a tua recusa, com a tua fuga.

Percebo a fragilidade do fato,

A injustiça do ato,

A deslealdade das ocorrências.

Não se está diante de um relacionamento furtivo...

Não devemos fidelidade a ninguém

Somos livres,

E quem nos tolhe

Não deve ter o condão de nos balizar.

Por que, em verdade, não é possuidor de tal prerrogativa.

Dói saber que o distanciamento

Não decorre de uma vontade,

Mas de uma “imposição” emocional

Nascida face à presença de um terceiro.

-Por que não viver um momento desejado?

-Por que se limitar a só um instante, furtivo e questionado?

Agride-me todos os valores, excepcionalmente,

O meu direito à liberdade...

Esta, em lato sensu, em toda a sua amplitude...

E não se olvide dizer que esta liberdade

É um direito de fonte inesgotável,

Embasada num princípio louvável, irrefutável e irrefreável...

O DO SENTIMENTO, DO DESEJO, DA VONTADE.

Pior nisto tudo é ter que silenciar...

É aceitar, inerte, que se tire de você algo tão ímpar...

O direito de poder estar com quem se gosta, com quem se quer, verdadeiramente.

Sinto-me infeliz, diante de tudo isto!

Sinto-me tolhida e cruelmente prejudicada!

Rose Melo
Enviado por Rose Melo em 16/03/2011
Código do texto: T2851403