Aquela mulher de 60 anos
A sala cheia de sonhos abandonados
Prateleiras feias, antigas, vazias
Sentada na poltrona gasta ela segurava uma xícara de chá
Suas mãos tremiam
Mãos do abandono
A roupa sem graça, o rosto marcado pelas lágrimas
No seu cabelo, a tinta fraca
Eco da sua alma
Sessenta anos e o ar entrando pelas suas narinas
A luz da rua entrava pela porta
O mundo seguia o seu curso
E a sua vida?
Sonho recusado.
Festas, bebidas, homens
Não traziam de volta
O amor que morria em seu peito
Não soavam como alento
Para a dor
Ele não estava mais ao seu lado
No guarda-roupa não existiam mais os seus ternos e gravatas
Levara tudo para a sua nova vida
Ao lado de uma mulher jovem e linda
Naquela sala cheia de pó
Não restava nenhum pedaço de amor
2005