ESCOLHA
Ah! como confiei-te a minha vida
Aos cuidados do amor teu,
Nunca esperei de ti tal despedida,
Nem pensar que este se perdeu!
Sempre vi em ti etérea visão
Qual no deserto deslumbra o beduino
Como o sonho que sonha o menino
Na inocência de genuína paixão.
Com isso sofro enfados momentos,
Nas colinas que subo, nuvens tem,
Meu fado de todos são lamentos,
lamento por ti e mais ninguém.
Mas exacerbado as vezes o teu pejo
Contra o meu jeito tão irreverente
Atritando no seio um lugarejo,
Estãncia que acolhe o ar clemente.
Este acerbo vento que me agita,
Um torvelinho, prelúdio da tormenta
E no fundo do meu coração palpita
Uma dor lutuosa, uma amenta.
Ando cabisbaixo, na lembrança,
Sinto que já não posso ver-te
Pois mais remota fica a esperança
De poder agora inda querer-te.
Não resolve estar acabrunhado
Se viraste já a tua folha,
Ergo a cabeça um punhado
Conformando-me com a tua escolha.
(YEHORAM)