DIAS DESDITOSOS

Se insto muito em te amar

É porque me agrada o teu amor,

E pelos cantos que vou andar

Serão meus cantos de dor.

Se nisso tenho ganho secundário,

Se pela face da plácida lua

Me irrompo vazio e solitário,

Vagando tonto, eu e a rua.

E tomei atitudes desabridas

Que de veras te assustaram,

Mas dentro em mim as feridas

Me corroeram e me amargaram.

Mas meu coração levítico

De nato sacerdócio sabádico

Elevara um voto explícito

Sem conotação de lunático.

Na minha ira te repreendi,

Falei horrores no meu furor

Pela minha honra que contendi,

Por ti, por nosso amor.

Eu não sei ficar sem a tua silhueta

A bailar modesta diante de mim

Nas manhãs como a borboleta

Cheia de cores voando pelo jardim.

Então vai mais um dia minguar,

Mais uma noite irei verter,

Mais uma estrela sem brilhar,

Mais um cíclo sem te ver.

Gira a terra e o sol brilha,

O manto noturno cobre cintilante

O claro cansaço do dia na ilha

Que pairou angústia sufocante.

Já a minh´alma alheada

De languidez triste sofrer,

Esta liberdade magoada

Não me deixa livre viver.

Só me resta agora velejar

Nos meus suspiros lacrimosos,

Sem fado, sem onde ancorar

O meu barco dos dias desditosos.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 01/04/2011
Código do texto: T2883844
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