A PERDA
O céu fechou-se em nuvens escuras
Relampejo prenuncia o temporal
Neste lutuoso peito, nas tristes venturas,
No fim da era outonal.
As folhas secas estão molhadas,
Entopindo os bueiros lá fora,
Ficam as chances ilhadas,
Por socorro a alma implora.
Ouço uma canção funesta
Que dilacera o peito escravizado
Por um sentimento que molesta,
Doente de ausência e estado.
O que dantes era uma rotina
Agora o espírito incomodado agita,
E se entregara a indisciplina
Pela acerba dor que nele habita.
Procuro buscar momentos galhofeiros
Para esquecer toda a aflição
Dos dias dantescos traiçõeiros
Que muito desabam em meu chão.
Ai como a dor me é sufocante,
Parece um clima sepulcral!
O Luto, mas de gente viva ambulante,
Que deu-se a perda ancestral.
Escuto o silêncio telepático,
É a tua voz que vem trazida no vento
Com ondas do teu pensamento
De tanto pensar enigmático.
E no peito deste humilde poeta
Paira a dor mais pesarosa,
Por estar alma deserta,
Sem tu, a minha rosa.
(YEHORAM)