AINDA ÉS TU AQUI

Como um rio que passa e vai para sua foz,

desviando-se dos escolhos, assim tua voz,

não mais a escutei na aurora das manhãs,

quando o céu é limpo de outros amanhãs.

E meus dias silentes, de uma solidão atroz

e doente, são feitos de nada, casca de noz

que me esvazia por completo as emoções

elevando minhas mãos, co fúteis corações.

Porém não esqueço os traços de teu rosto,

nem o perfume que pela manhã é suposto,

quando te embelezas ao espelho abstracto

e sorris de teu corpo, como um breve trato.

De mim pouco sobra, de ti nada se enlevou,

e eu sou tudo aquilo que de ti enfim restou,

persistindo enamorado, ó elevada condição:

quem de vós aqui, me retirará, minha razão!

Jorge Humberto

10/04/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 10/04/2011
Código do texto: T2900215
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