NÃO PRECISO
NÃO PRECISO
Não preciso de um falso profeta
Que, vestindo-se de bel poeta
Roubou-me um grande amor
Encarcerando-me nessa dor
Não preciso de sua hipócrita oração
Fingindo que ao meu ferido coração
Deseja em auxílio recuperar
Após de pronto me sacanear
Não preciso do seu lamento surpreso
Nem do seu comovido desprezo
Pois não sou nenhum idiota
Se for assim que me nota
Não preciso de suas poucas migalhas
E sacudirei as minhas sandálias
No coração onde acaso pisou
E todo o espaço me furtou
Não preciso do seu funesto auxílio
Prefiro trancar-me no exílio
Da minha nefasta poesia
Que definha, trêmula e fria