Ecos...silentes
Posso sentir a dor, apesar da distancia:
lamento abafado, gemido quebrado,
pacto de silencio em dissonância
abafando um eco profundo e ritmado.
Sons de um coração triste, abatido,
qual guerreiro isolado e ferido
a espera de um milagre talvez.
Dor e esperança refletem-se em sua tez.
As perdas são ainda vivas cicatrizes
que sangram ao menor movimento
drenando a força de um sentimento
e a crença na existência dos finais felizes...
Ceifadas as vidas de pessoas amadas
permanece a ausência tão presente
como farpas na alma encravadas
quando o nunca se muda em pra sempre.
O jardim das sombras seqüestrou a luz
e fez-se noite em pleno meio dia...
Ali onde um anjo chorava e o diabo sorria
depois que o inferno reivindicou a cruz.
E a dor se faz então rude e inclemente
matando aos poucos toda suavidade...
Erguendo muros de frieza premente
onde vivia o perdão e a humanidade.