AS DUAS TORRES
Eram duas formas de austera pujança,
Dois arranha céus, dois colossos montes
Que roubavam as glórias dos horizontes
E cortavam as nuvens numa lembrança.
Quando o sol batia a celeste luz refletia
Seus vidrais futuristas, seus reflexos,
Tão altos eram, tão amplos e complexos,
Nos seus cumes, indômita ventania.
Tudo neles era um mundo descomedido,
Eram o orgulho de seus compatriotas
Como que na vida jamais viram derrotas,
Visto que agora é um mundo esquecido.
Todo olho vos viu deitados sob as poeiras,
Uma neblina densa esparsa vos cobria
O desespero estampa a face que ali corria,
De rostos brancos feito fantasias grosseiras.
Fogo e ferro se fundiam em sangue e ossos,
E a dor não via espaço para o seu veneno,
Muito embora o tempo corria pequeno
Sob escombros que restaram dos colossos.
Pasmei no dia em que vos vi sucumbir,
Petrificado, não acreditei nos meus ouvidos,
Nem nos meus olhos, ou nos meus sentidos,
Pensei: Fim do mundo! Pensei em me despir.
Então como duas almas unidas pela dor
Vos vi cair curvos, cobertos de pó e de espavento,
Num assombro ao mundo deste atentado violento,
Enquanto encobertos começam a se decompor.
(YEHORAM)