Veneno

Transmutamos o mel... em fel.

Permitimos que as mágoas façam a taça transbordar,

Afogamo-nos na enchente

de nossas fraquezas

e lamentamos o tempo perdido!

Cabisbaixos, seguimos sem rumo

depois de abandonar os sonhos

e sepultar toda esperança

na cova aberta pelo nosso medo.

Ruíram as pontes, minadas pela incerteza.

E os passos perderam-se no caminho,

amotinados na descrença dos ideais,

deixaram-se prender por grilhões dourados,

acuados... esquecidos do que buscavam

ou para onde iam.

Vencedores e vencidos encontraram-se frente a frente

enquanto os despojos eram divididos pelos farsantes

que incitaram a luta apenas e tão somente pelo ódio,

para criar desumanidade, para semear o caos.

Escorre lento o veneno da amargura

enquanto a ampulheta conta o tempo

contamos os sonhos mortos no campo

deserto ante o sol moribundo.