ESCOLHA DE DOR
Debruçado nesta escrivaninha
Com a fronte sobre o braço,
No peito sufocado o pranto
Da saudade que não age sozinha,
Entre dores que voejam no espaço,
Tíbias Lágrimas gotejam tanto,
Por tua falta que me enlaço.
Mas é duro uma vez a escolha
Que se faz e não volta atrás,
Pois não adianta arrependimento
Antes que o sol se recolha
Ou que a luz da lua me seja sagaz,
Nem mesmo um só momento
A culpa me deixou em paz.
Se padeço tanto por tua saudade,
Padeces tu também, eu creio,
Se te amo, foi por me teres amor,
Em nossa vida amor de verdade
É o que eu sempre anseio
Por sonhar ter-te, minha flor,
Sonhei com um acre devaneio.
Soergo do meu braço olhos rubros,
Que de lágrimas turvas banham
A minha face tão sulcada
O vento cristaliza gostas em cubos
Que nos seios, no imo sangram,
Esta alma mártir apaixonada
Sofre os dias que se zangam.
(YEHORAM)