Vontade de Querer.

Preciso de uma garrafa de uísque...

Talvez um pouco de pão de alho, também...

Queria querer não querer mais nada, mas na calçada não quero quedar-me triste como quem simplesmente diz amem...

Outro vez gostaria de ter um carro conversível, desses que conversam com a gente quando a gente deixa de ser gente, mas quando fui ver aquele carro notei que não passava de latas e entulhos móveis, que me levariam para bem longe do que sou.

Não sei o que sou, mas não gostaria que um amontoado de coisas vãs me dissessem. Queria um pouco de dia para que a noite não me esfriasse, para que o calor do sol me mantivesse por algum tempo mais...

Queria viver na alegria, na esbórnia de um poeta maldito, no fim de um tempo, no início de outro, um pouco de cada, um pouco de ouro, de lata e de estanho derretido, a aquecer minhas idéias.

Queria sonhar um sonho real em que não mais acordasse e precissasse tomar sal de fruta..., onde a náusea habita com uma boca enorme a engolir minhas tripas...

Queria sorrir, gritar que não queria mais nada, mas quem disse que para uma passada adiante não se precisa mover músculos e carnes e entranhas e ter a vontade de dar mais um passo adiante?, que me desmotiva a ficar aqui e, sem saber para onde ir, continuei e errei, e fiz o que tinha que ser feito, mas não foi o suficiente.

Na realidade, não existem sonhos, nem pesadelos, existe o querer, o desejo de cada vez mais querer...

Savok Onaitsirk, 06.06.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 06/06/2011
Reeditado em 06/06/2011
Código do texto: T3017427
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