SORRIR E MORRER

Meu coração bate solitário,

segue o ritmo de uma marcha fúnebre,

batidas secas, profundas,

tão profundas quanto a tristeza que a ele devora.

Meu olhar outrora brilhante,

agora se mostra vazio, como o infinito;

um buraco negro cheio de mistérios.

Meu corpo antes forte, moldado a ferro e pesos,

horas e horas de sacrifício e malhação,

agora está frágil.

Já sente na carne, músculos e ossos,

o poder enganoso de tantas drogas.

Foram tantas viagens, loucuras e alucinações,

fantasias, prazeres, sorrisos e risos.

Agora nem sei o que sou.

Eu queria mudar, fugir, correr... Correr.

Não tenho forças, não tenho tempo.

Meu coração batia solitário,

Seguia o ritmo... Silêncio.

Eu queria viver, queria poder voltar ao passado.

Não tão distante, um ano talvez.

Tudo seria diferente.

Mas não posso, estou morrendo, meu corpo, minha mente.

Sinto dor, muita dor, angústia.

Já não tenho movimentos.

Aqui, inerte. Somente o coração , quase não bate, apela.

Quer viver, luta, resiste.

Vejo uma luz, não sei, imagino ver uma luz.

Um sorriso mórbido surge através dela.

É a morte, negra, sorrateira.

Vem no silêncio, num último sopro de vida que me resta.

Vem para me levar.

Já não resisto, somente espero.

Agora é sorrir e morrer.

É tudo o que me resta.

Droga, droga, que droga... Eu queria viver.

Sandro Colibri
Enviado por Sandro Colibri em 29/11/2006
Reeditado em 11/08/2011
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