Um simples vate.
Sou um simples vate
Sobre o qual o Desânimo se abate.
Aquele que não tem fantasia
Que traz n'alma uma grande Melancolia.
Que se arrasta de cabeça baixa pela Existência
Que caminha só com sua consciência.
Um versejador que para continuar não vê motivos
É um vulto triste a vagar por entre os vivos.
Aquele que não é estimado
Por todos é execrado.
Que do Desespero está sob o jugo
Que do Inferno é o refugo.
Um ser que desconhece o que é carinho
Que da Felicidade jamais provará o gostinho.
Alguém que não pode sua Vida ceifar
Foi amaldiçoado pela Natureza a respirar.
Que percorre uma escura senda
Uma pobre criatura,de feição tão horrenda.
Um tolo que para sua Casa uma vergonha é
Que em mais nada tem fé.
Que há muito tempo decretou sua falência
Do qual viv'alma sentirá a ausência.
Que deseja mais do que tudo a Morte
Que sempre foi preterido pela Sorte.
Uma abominação que é na Terra o eco de abandono
Que sonha apenas com o derradeiro sono.
Que nunca acertará o passo
A quem sorri o Anjo Triste Do Fracasso.
Que a todo instante,em pensamento,pede à mãe perdão
Por ser à ela uma decepção.
Um estafermo que nao agradará a ninguém
Que nem para escrever talento tem.
Uma patética criação que derrama lágrimas de Dor
Que em vão buscou o amor.
Que carrega no peito uma angústia verdadeira
Que tem a desgraçada Solidão por companheira.
Um erro maldito que continuará a expressar seu pesar
Até que sob uma lápide fria venha para sempre repousar!
E que não mais se preocupa em utilizar palvras repetidas
Pois,infelizmente,não serão lidas.