GRITO!

Neste quarto escuro, é que está o meu desassossego,

nem o sol lá fora, reluzindo, me dá qualquer esperança,

minha alma está presa à vil mordaça, escasseia o apego,

sinto-me só nesta luta, onde não há um riso de uma criança.

Dias flamejantes, não entram mais pela minha janela,

escuto os pardais e não os oiço, não sei mais o que deva fazer,

para contrariar os choros dos meus – leve bambinela,

ondulando ao vento, suavemente, não querendo esmorecer.

Os meus dias, fartos e cansados, anseiam por melhorias,

e não tendo outra solução, tenho de ser exemplarmente forte,

perante este peleja, que assombra, de má sorte, meus dias –

uma faca sem gume, que não se apresta ao fatídico corte.

Tempo para mim não o tenho, apenas uns instantes pra escrever,

e meu amor, que anseia pela minha presença, desespera,

enquanto, no quarto ao lado, meu pai não vive, dá-se a fenecer,

sem que uma enfermidade se descubra – faz-se longa a espera.

E, se por vezes, eu esmoreço, logo de mim me levanto,

para acompanhar a saúde dos que me deram o ser, que hoje eu sou,

e versejo poemas de beleza e de amor, como num canto,

para que assim, não morra em mim, o que se me aprestou.

Oh, mundo, que tanto amo, olha para mim e, por favor, te condói,

este teu filho, em toda a sua humildade, é a ti que te suplica,

que tragas saúde para os meus (que de vê-los assim tanto me dói),

e para mim a paz tão almejada, que esta dor não se explica.

Jorge Humberto

13/07/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 13/07/2011
Código do texto: T3092530
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