Sinto-me assim!
Sinto que me consideram um zero a esquerda;
Uma divida que o homem herda;
Um degrau que provocou queda;
Uma saída pela esquina do nada;
Um aquário sem peixes, sem vida.
Já me fizeram sentir-me a maior perda;
Um degrau quebrado da escada;
Uma pessoa insignificante e indelicada;
Uma poesia rabiscada, nada metrificada;
Sou a solidão atrevida.
Talvez a alegria do jovem ao ver a namorada;
A beleza da horta irrigada;
O tormento da escrava acorrentada;
A sua sabedoria dilatada;
Poderia ser a solução para sua duvida.
Serei a fé não excomungada...
A sentença (favorável) não outorgada;
A carta de amor não assinada;
A vida interrompida, assassinada;
A frase sejas bem vinda.
Sou a ação humanitária atrapalhada;
Vi-me na criança no espelho refletida;
Sou a surpresa embrulhada;
A alma do crente convertida;
A pedra no teu caminho ainda não movida.
Sinto-me assim: a simplicidade discriminada;
A loucura da pessoa mimada;
A indecisão da manada;
Que tem sua trajetória transformada;
Deixando a natureza comovida.
Encontram-me na lamina do aço enferrujado;
Sempre sonhava em realizar minha meta desejada;
Sou o gênio da gestação abortada;
Sou a felicidade odiada e adiada;
Sou e serei o que você duvida.
Serei sempre a aprovação fraudada...
Ajuda do hipócrita atrasada;
A indecência e vaidade idolatrada;
A pessoa humilde que é maltratada;
Sou esperança revivida.
Infelizmente já fui a violência ramificada;
A vitima não identificada;
Sou a sua beleza na faze enrugada;
A moradia emprestada ou alugada;
Sou o anfitrião que espera sua vinda.
Sou e serei a genialidade retardada;
A juventude corrompida;
Sou sua retórica estúpida...
Conformei-me em ser a vida transladada;
Sou qualquer “alma” pela fé absolvida.