Canto de ingratidão
Maldito, maldito, maldito!
Maldito o dia de meu nascimento
Maldito o dia que Deus soprou em minhas narinas
e me deu de fôlego de vida
Maldito os dias tristes de minha mocidade
Porque deles não tenho nenhuma saudade...
Agora sou mais um escravo do maldito tempo,
Sendo por ele dominado, guiado e controlado
Maldita morte que agora me dá medo
Porque hoje pelo tempo passei a ser subjugado
Que me dera ser imortal como os deuses do Olimpo...
Maldita são as três décadas e meia de minha reles vida
Se DEUS ouviu meus pedidos, só me restam mais sete décadas para viver
Mas ainda assim, não me satisfaço com elas
Pois como sei que vou vive-las, se o amanhã só a Ele pertence?
Antes tivesse eu sido esquecido no universo,
Estando ali amortecido, adormecendo, parado no espaço
Mas não, fui malditamente pelo destino traçado por alguém
Concebido por meus miseráveis genitores
Num dia ou numa noite em que ambos acharam graça em se amar
Numa cama qualquer ou em outro lugar
Que ali consideram os dois convenientes trepar
Maldito tempo que agora me provoca medo de morrer
Mas não só por isso eu tenho medo de morrer...
Porque gosto de andar por entre as árvores vendo os pássaros cantar,
Porque gosto de receber o amanhecer de cada novo dia entrar pela janela do meu quarto
Tenho medo de morrer...
Porque não quero sair dessa vida sem antes ver meus filhos crescerem
Tenho medo de morrer, porque pode ser que o maldito tempo que me resta de vida
Não me deixe terminar os projetos que completei hoje e os que eu iniciei ontem...