Canto de ingratidão

Maldito, maldito, maldito!

Maldito o dia de meu nascimento

Maldito o dia que Deus soprou em minhas narinas

e me deu de fôlego de vida

Maldito os dias tristes de minha mocidade

Porque deles não tenho nenhuma saudade...

Agora sou mais um escravo do maldito tempo,

Sendo por ele dominado, guiado e controlado

Maldita morte que agora me dá medo

Porque hoje pelo tempo passei a ser subjugado

Que me dera ser imortal como os deuses do Olimpo...

Maldita são as três décadas e meia de minha reles vida

Se DEUS ouviu meus pedidos, só me restam mais sete décadas para viver

Mas ainda assim, não me satisfaço com elas

Pois como sei que vou vive-las, se o amanhã só a Ele pertence?

Antes tivesse eu sido esquecido no universo,

Estando ali amortecido, adormecendo, parado no espaço

Mas não, fui malditamente pelo destino traçado por alguém

Concebido por meus miseráveis genitores

Num dia ou numa noite em que ambos acharam graça em se amar

Numa cama qualquer ou em outro lugar

Que ali consideram os dois convenientes trepar

Maldito tempo que agora me provoca medo de morrer

Mas não só por isso eu tenho medo de morrer...

Porque gosto de andar por entre as árvores vendo os pássaros cantar,

Porque gosto de receber o amanhecer de cada novo dia entrar pela janela do meu quarto

Tenho medo de morrer...

Porque não quero sair dessa vida sem antes ver meus filhos crescerem

Tenho medo de morrer, porque pode ser que o maldito tempo que me resta de vida

Não me deixe terminar os projetos que completei hoje e os que eu iniciei ontem...

Marcello dos Anjos
Enviado por Marcello dos Anjos em 26/07/2011
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