A chuva, a menina e o desejo
A chuva quando cai, lava a alma e a janela,
E alguém ali parado na porta da casa dela.
Gota brota e vira torrente na ponta do telhado,
Na chuva não vejo dente, mas nele vejo cerrado.
A chuva traz amargura de um lugar não sei de onde,
E naquela pele escura encrespa até a fonte,
Não sei como ele agüenta ficar ali parado,
Se a chuva e aquela menina,
Não o vê, não o têm notado.
E a chuva agora fina leva aos poucos o que restou do medo,
E na porta daquela menina o que sobrou foi só o desejo.
03/03/02