Vagando no vazio

Vagando no tempo,

No espaço andando por não ter chão,

Palavras torpes e até injurias calado ouvia,

E a alma, em triste pranto, sangrava o peito

Rezando orações noviças que nem eu sabia.

Tétrico silêncio calava a voz. Um murmurio frágil

Saia em busca de se fazer ouvir.

Afiadas vozes como frias lâminas

Me feriam a alma em profundos golpes

E a dor mais fria que lascinante

Em desespero chamava as lágrimas

Que moribundas, em gigantesco esforço,

Se faziam fortes.

Chorava, como se o pranto fosse oração,

Juntava as mãos em demente postura

E fugia, corria com passos bêbados

Como se tudo em minha volta fosse loucura,

Assim não me permiti encontrar entre os prantos

Um momento de sutil lucidez que me levasse

À doce surdez para não ouvir

O que em mim, me doia tanto.

jose joao da cruz filho
Enviado por jose joao da cruz filho em 01/10/2011
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