O provedor de lágrimas

Quanta dor ao peito aflige em triste angústia!

Quanto pranto, por tristeza, derramado!

Mas que seria da alma muda e silenciosa

Não fosse, por sorte, o prazer de ter chorado?

Chorado um pranto que, mesmo triste, ainda é belo

E nela, na alma, que bom a saudade ter ficado

Assim o tempo não se faz cruel carrasco

E da alma, o pranto, é prazer por ter amado

Por destino o tempo, para a alma, não é passageiro

Nem tão pouco a alma, para o tempo, é viajante

As duas existências se confundem e por tanto

De eterno, para a alma, também será o pranto

E eu, da alma, pequeno espaço a contentar-me

A ser somente provedor de lágrimas e de pranto

Que em soluços e tristes ais se vão ao tempo

Apagando lembranças do que um dia foi meu canto

jose joao da cruz filho
Enviado por jose joao da cruz filho em 04/10/2011
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