Dói dizer adeus...
Maria Antonia Canavezi Scarpa
O que dói mais é a saudade...
o opressor é um algoz cativo,
dilacera a alma, observando de longe,
tem poderes para apagar o sol,
esconder o luar meio as nuvens negras,
fazendo-a chorar grandes tempestades...
O que dói mais é a ausência...
perder os carinhos de mãos ansiosas
se orquestrando suavemente,
pela boca vermelha pedindo beijos,
explorando os ardores infinitos;
o lúdico mágico virou feiticeiro...
O que dói mais é precisar...
retornar a vida pela antiga estrada,
não poder desviar o rumo,
ver a distância para o paraíso aumentando,
sentir que o inferno fica logo ali,
escancarando suas portas em chamas...
O que dói mais é ter que esquecer...
delinear um muro imaginário,
separando tudo, para esquecer o outro lado,
nada mais poderá ser acessível,
restando apenas beber fel e brindar
o azedume da realidade...
O que dói mais é mentir...
sorrir para uma falsa felicidade,
deixar-se inebriar pela desventura,
que lépida vai encobrindo os sonhos,
não poder mais brincar de alegria;
onde o esconde-esconde, deixou de existir...