Descarte

Não são os vestígios do caminho

que incomodam

Não é o fato de não conhecer

o fim da estrada

O que incomoda e nos corrói por dentro

são as decepções sucessivas,

incisivas e diárias,

frustrações lancinantes

ao perceber

que os objetivos são vazios.

Que as placas de aviso são tão óbvias como inúteis

E que existe a penumbra do improvável,

do intangível,

do inimaginável

O que dói é saber que

há a estrada e um silêncio

compacto encravado

entre o aqui e o desejado

Há uma expectativa angustiante

de quem sai do abismo,

de quem sofre um abuso,

do abismo semântico dos olhos,

das intenções

escrachadamente subliminares,

Do abismo assinalado e implícito

em achar o caminho,

O detalhe do atalho e

O desafio de continuar caminhando

De quem transcende o tempo e o espaço

Continua mortal e eterno

E, prossegue catando vestígios de

humanidade

E só encontra

coisas descartadas pela ilusão.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 19/10/2011
Reeditado em 19/10/2011
Código do texto: T3285713
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