Noite afora

Singrando as águas do velho rio Uruguai

meu barco vai, sem destino p'ra chegar;

passa remansos e cachoeiras – tanto faz –

buscando a paz da noite para me abrigar.

Ai, que destino de andar sem direção!

Com o coração de rédeas soltas, sem guarida

e sem limites p'ra amplitude de alguns sonhos

- tão enfadonhos nesta instância da vida.

Segue o meu barco, entre estrelas refletidas

nas indormidas madrugadas deste rio;

dando a impressão de um vôo, sem ter asas,

que acende brasas no meu peito tão vazio...

Queria tanto ter a paz dessas barrancas

p'ra alma branca sossegar sua aflição

- que, há de muito, me traz triste e absorto -

em algum porto que atracasse o coração.

E, noite afora, vou remoendo desalentos

e sentimentos, a remar sem direção;

buscando algo que me mostre uma saída

e que esta Vida não é um barco de ilusão!

Julius Patricius
Enviado por Julius Patricius em 28/10/2011
Reeditado em 02/10/2012
Código do texto: T3302435
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