Pai!
Pai, tu partiste e eu fiquei, sozinho,
amargando a dor que, ao partir, deixaste,
agarrado à crença, pelos meus caminhos,
de que, além da carne, não me abandonaste!
Tu bem o sabes, pois teu pai, há muito,
foi saber caminhos do depois da vida,
e aquela dor, que te açoitou a alma,
agora, em mim, vem se fazer sentida!
Meu pesar não cabe neste pano negro,
- é tão maior que todo o enlutamento.
Em tua lembrança, na minha desdita
vou vivendo eras de atroz sofrimento!
Não tenho os olhos, com que me guiavas,
nem o braço forte, que me protegia,
não tenho a mão, que me alcançavas
p’ra seguir adiante, sempre que eu caía!
Tenho, hoje, a alma, em agonia plena
pelo infortúnio de não ver-te mais;
sentindo que a vida já não vale a pena,
sou barco errante, perdido e sem cais!
De um só golpe, ruíram mil sonhos;
teu passamento foi-me tão fatal,
e atesta, na ausência pungente, a certeza:
se tu não eras, NINGUÉM É IMORTAL!