Pai!

Pai, tu partiste e eu fiquei, sozinho,

amargando a dor que, ao partir, deixaste,

agarrado à crença, pelos meus caminhos,

de que, além da carne, não me abandonaste!

Tu bem o sabes, pois teu pai, há muito,

foi saber caminhos do depois da vida,

e aquela dor, que te açoitou a alma,

agora, em mim, vem se fazer sentida!

Meu pesar não cabe neste pano negro,

- é tão maior que todo o enlutamento.

Em tua lembrança, na minha desdita

vou vivendo eras de atroz sofrimento!

Não tenho os olhos, com que me guiavas,

nem o braço forte, que me protegia,

não tenho a mão, que me alcançavas

p’ra seguir adiante, sempre que eu caía!

Tenho, hoje, a alma, em agonia plena

pelo infortúnio de não ver-te mais;

sentindo que a vida já não vale a pena,

sou barco errante, perdido e sem cais!

De um só golpe, ruíram mil sonhos;

teu passamento foi-me tão fatal,

e atesta, na ausência pungente, a certeza:

se tu não eras, NINGUÉM É IMORTAL!

Julius Patricius
Enviado por Julius Patricius em 30/10/2011
Reeditado em 19/03/2012
Código do texto: T3306920
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