Amor Rebelde (Para A)

Tristeza,

Neste momento

Eu me vejo em ti,

Ombros curvados,

Ânimo dobrado pelo sabor amargo do fracasso,

Já não durmo há três noites.

Nas primeiras duas,

Ainda me restavam esperanças,

Na última,

Um vazio imenso se apoderou de tudo,

E do que eu, e no que acreditava,

Restam agora escombros.

Por quê? Por quê? Por quê?

É a interrogação que me martela a mente.

Não posso me olvidar do teu sorriso,

Das tuas palavras,

Do teu sentimento expresso por elas.

Não consigo entender como pudeste

Esvair-me lentamente por entre os dedos.

Não consigo entender como eu consegui apostar

Tanto nesse amor,

Hoje uma mera página amarga de saudade,

Que acabou com tudo no que eu acreditava fosse o próprio amor.

Por quê?

Continuo a me perguntar.

Será que em vidas passadas te fiz sofrer?

Será que te fui cruel, para que me repilas de tal forma,

Abdicando da felicidade, mesmo me amando,

Em nome de tolas convenções sociais?

Teus dois filhos adultos?

Tuas duas filhas pequenas?

Por acaso deixariam de serem teus filhos, de te amar como tais,

Porque porias termo a um casamento falido?

Afinal, eles querem teu bem ou teu mal?

Tua felicidade ou não?

E, porque eu entraria na tua vida?

Teus irmãos, teus amigos, tua mãe idosa?

Deixariam de te apoiar?

A sociedade?

Essa, especialmente, deve colocar comida no teu prato, não é mesmo?

Tens vergonha, dizes.

Não tens coragem, dizes.

Vais seguir tua estrada de escrava das aparências sabe-se lá até quando?

Até que ele resolva sair?

E se não sair?

Vais envelhecer assim,

Tu que já não és mais tão jovem?

Mas queres saber de uma coisa:

No fundo, apesar de te amar,

Tenho pena de nós dois.

Quem tem horizontes assim,

Capaz de abrir mão do amor da sua vida;

Em nome de altruísmos duvidosos e covardes,

É de uma deplorável pobreza de espírito.

Por isso, tenho pena de nós dois.

Mesmo assim, por te amar,

Ainda permaneço por um tempo,

Com a mão e os braços estendidos.

Mas não demore.

Tenho urgência em viver, em ser feliz.

Já não posso, não devo e nem quero

Discutir convenções sociais ou o sexo dos anjos,

Estou começando a apressar meus passos,e a te deixar para trás ...

Mark Rebew
Enviado por Mark Rebew em 05/11/2011
Reeditado em 31/01/2012
Código do texto: T3318928
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