NAUFRAGO

Guarde para ti todo o teu precioso tempo

E use-o da maneira que melhor lhe prover

Já não há como viver de migalhas desse tempo

Não se esquece o que foi pelo tempo emoldurado

Pois é indestrutível o que dentro de si vive

O importante é saber o que já não existe

O que caminha doravante em caminho oposto

Pena não haver mais tempo de lhe esquecer

Nem mesmo neutralizar o que não morre em mim

Quando em si apenas restam resquícios de amores idos

Ilações de algo que senti agigantam-se lentamente

E que me abandona no perpetuo circulo das saudades

Na interminável roda dos desejos não realizados

E teima em sobreviver à combativa esperança

Desperto que estão todos os medos do que vai além

Do que foge ao controle do que se imagina imutável

Concomitantemente aos sonhos em si embarcáveis

Mas que descobre que já não há mais onde aportar

E que na vastidão desse mar sou apenas naufrago

Que teima loucamente em não querer soçobrar

Ante todas as improbabilidades de ser apenas um pesadelo

Pois os sonhos muitas vezes desfazem-se em nossas mãos

Evaporam-se no tempo fugidio ao que me é temporalmente possível

Leilson Leão
Enviado por Leilson Leão em 14/11/2011
Código do texto: T3335349
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